domingo, 27 de novembro de 2011

Versos ao Relento


Jogo meus versos ao relento
Espero, com o passar do tempo, revê-los,
Trazendo os desejos tornados em sonhos
Tristonhos meus olhos fitam meu tormento

Sobraram cinzas de minhas rimas
Por cima do chão da eternidade
Talvez pareça somente a saudade
Mas na verdade é minha sina

Eu paro e tento enxergar o horizonte
Mas este pobre homem que vos fala
Perdeu os sonhos na alvura da madrugada
Que vem na vanguarda de tudo que surge do ontem

É tudo inspiração da alma
Magoada ou não pelo destino
Desfalecida por esse caminho
Singela como uma lamina d’agua

A vida é meu livro aberto
Aonde quando quero escrevo meus versos
Concretos e feitos somente de silencio
Sob a silhueta de minha vida que agora desenho.

Versos para a Rosa Púrpura


Nas noites escuras do mundo, Tu, rosa púrpura, és regada ao desconsolo e brotas no asfalto molhado pela neblina da noite. Quem dera eu pudesse colher-te das encruzilhadas, das vielas escuras e escarnecidas, curar-te as feridas com a minha poesia humilde, vislumbrar tua beleza tão cheia de pejo. Queria eu somente experimentar desse néctar que escorre compassado de teus lábios, e assim reencontrar-me em mim mesmo, como quem nunca soube ao certo quem foi um dia. Quem dera, tu não jogasses essa tua pureza fora, nos braços qualquer dos sonhos passageiros e noturnos. Escuta agora este mar que bravio clama em meu nome, sente este vento que agora de certo toca teu rosto,
esforça-te para ao menos uma vez ler as linhas que a vida escreve, e eu sei que em algum momento, irás perceber quão grande e sincero é este meu amor, capaz de contentar-se apenas com teu olhar indiferente e teu sorriso quase sem força.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Coração Poeta

Versos feitos em rimas entrelaçadas(quartetos) e
e em versos do estilo Shakspeare (um quarteto e um dístico).

Coração tão poeta que é meu,
Pare de fazer de cada rosto uma realidade
e de cada sorriso tua felicidade,
mesmo quando tudo se perdeu.

Vai de encontro ao afago do infinito,
por que o tempo é teu cepulcro,
as horas são teu "fim-de-mundo",
e a desilusão o teu destino.

Porém, nem so de tempo vive o homem,
mas de tudo que comem
com os olhos da alma
e com desespero perdido na calma.

É somente mais uma sina,
Tu que antes de começar, já termina.

Tristeza Boêmia I

Na noite indecisa eu vago boêmio por ruas e espaços
E os tantos pedaços de coração que vejo pelo chão
Guardo no meu baú da saudade,
Brinco de contestar a verdade,
E a cidade celebra o sangue na moldura suspensa do tempo
O que agora é dor se torna carinho em outro momento
E noutro ainda, se fantasia de tormento,
Por que esse vento que traz o gosto acre da agonia
Inspira melancolia, pranto e canções desiludidas,
Cordas na batida cadente de lagrimas pelo rosto
E o gosto acre do passado nas redondilhas de um lamento
Fantasias esquecidas nas memorias
Contam pouco a pouco a minha historia
Dilacerando-me de fora para dentro

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Aonde estão meus heróis?

    Já passou o tempo em que eu conseguia olhar para o presente, e encontrar facilmente os reflexos de minhas ideologias, de meus motivos realmente justos. a politica se corrompe, a musica se prostitui junto com a mídia e nós, ficamos quase sempre só na plateia, como se tudo que acontece a nossa volta fosse culpa de qualquer outra pessoa, menos nossa!
    Mas eu não culpo ninguém por essa posição de passividade eterna, já é do homem moderno essa condição medíocre de indiferença com tudo que o rodeia: barrigas e bolsos cheios é do que, aparentemente, o mundo precisa. Ilusões a cada quatro anos, a miséria de nosso país sendo maquiada pelo mesmo esquema tapa- buraco, que só muda de nome, a cada nova tentativa de prender o cidadão em uma armadilha que ele mesmo faz. Mentir é o verbo do século, e por mais que pareça uma coisa comum, para mim nunca vai fazer sentido tal coisa. E pensar que muitas vezes eu achei que estava enganando alguém, mas agora entendo que eu não engano o mundo, é ele quem engana a todos, a nos leva as misérias de todos os tipos.
    Eu olho para todos os lados e, por mais que eu tente, não consigo encontrar razão sequer para acreditar que as coisas mudem, a não ser para pior. não sou surrealista, e não acho que somente eu, em minha insignificância poderia mudar essa realidade: eu sou apenas um ponto no meio dessa infinita arrogância democrática. sobrou-me apenas a saudade de um tempo que eu nem mesmo pude viver, mas que pude conhecer através da historia, do poder atemporal que tem a musica, nas revoluções que realmente serviam para o beneficio do povo. Quem dera eu reencontrar por ai algum renato russo, um Pixinguinha, quem sabe até um Vinicius de morais. e sabe por que eu vivo do passado? por que este presente parece-me feder mais que este passado tão renegado pela maioria.

Remédio a Polvora e Sangue

    A respiração atritada contra o frio tecia a sua volta uma cortina gélida. Mirava os olhos tristes e quase sem vida que lhe dirigiam um pedido de misericórdia. As mãos trêmulas buscaram algo dentro do casaco, e quando encontrou o que tanto queria, se puseram para fora da roupa,  empunhando um arma, que reluzia contra o filete de luz que escapava da avenida central, e que adentrava naquela viela onde agora estavam.
    Por um momento sentiu-se um Deus, por ter a certeza de que a vida daquele pobre ser que rasteja no chão era sua. Puro devaneio de quem se encontra entre a dor, o ódio e a loucura. Tentou por muito tempo achar a cura para aquele desejo insaciável, não encontrou, e desde então, seu remédio sempre teve gosto de pólvora e sangue. Inconstante desde sempre, encontrara finalmente na vida furtiva da noite a inspiração para a forte ausência de sentimentos que tinha, graças ao mundo.
    Os olhos banhados em lágrimas pareciam ter a certeza de que estava perto do fim a vida que os regia. Um grito seco, um estampido cortando a noite, um corpo caído em mais uma de muitas ruas escuras da cidade. Finalmente parecia ter acabado com o único mal de sua vida, e agora com um sorriso no rosto, deflagrava o sinal de que finalmente encontrara a paz que tanto quis. Luzes, carros e milhões de curiosos logo se amontoaram no local, mas agora já não poderia mais escutar nem sentir nada, finalmente havia reunido toda coragem que tinha para se matar.

Fechou os olhos...

    Fechou os olhos. As lagrimas iam caindo por sobre o seu rosto, tão devagar. Os pássaros que voavam por sobre o céu tinham um cantar penoso, quase como num lamento. Tudo parecia triste, tudo gritava pela vida, tudo e nada se confundiam no inconsciente como quem trava uma batalha. E as lembranças, numa permuta de escárnios e carinhos, iam forjando sua alma e preparando seu coração. O gosto de sangue ainda impregnava a sua boca, o cálice amargo da derrota, da humilhação, da morte. Já não sabia se aquela escuridão que agora habitava pouco a pouco em seus olhos, vinha do tempo que estava mudando, ou se era o seu tempo que estava acabando.
    Não demorou muito para que o vento secasse suas lagrimas, que os pássaros sessassem seu cantar, que tudo fosse finalmente silêncio. Não havia mais desejos e vontades, apenas espera e contentamento. Quanto às lembranças, elas só o ajudaram a perceber que havia perdido muito do seu tempo com nada. Antes, a condição na qual estava lhe seria tão honrosa: morrer no campo de batalha, defendendo a pátria. Mas agora que estava ali, lado a lado com a morte, sabia de que nada havia realmente valido a pena naquilo tudo.
    Lembrou-se dos tantos sonhos que teve, e da ingenuidade que o levou a pensar que, sendo um soldado, teria bastante dinheiro e tempo para se realizar. Agora estava ele ali, esquecido no meio do nada, o sol queimando seu rosto e corpo. O vento soprava-lhe areia nos olhos, a agua lhe faltava na boca: era a mãe terra o purificando, e ele aceitava tudo de corpo, mente e espirito, como quem entende das coisas irremediáveis.  E como num ultimo suspiro de saudade, quem sabe o único de sua vida, gritou o nome da mãe tão alto que o seu corpo se estremeceu por completo, enquanto sem pudor, a saliva que vertera em sague, lhe escorria pelo canto da boca.
    Depois, era o fim. Nem uma voz, nem um cantar, nenhuma lagrima, somente a inocência de um corpo sem vida, estendido no chão, os braços abertos, de certo na espera de um único abraço, que nuca veio. Os olhos continuaram abertos, na espera de reencontrarem a luz da vida, mas já era tarde demais. Um brasão no peito, uma arma na cintura, e uma alma perdida no infinito das horas, descompassadas e simples. O sol exuberante deu o seu lugar a chuva, que veio tão de repente quanto o choro de uma criança. As sombras das nuvens foram encobertando o corpo, apaziguando o calor de um simples homem, de um coração sonhador.

Mensagem aberta ao meu Futuro



Que venha o futuro então, pois agora eu o espero mais do que nunca. Que esses seus mistérios eu possa desvendar um por um, por que o meu desejo pelo desconhecido supera minhas limitações.Que venham as dificuldades, as lamentações, pois eu gosto mesmo é dos desafios. Facilidade e clareza nas coisas me causam náuseas, de maneira que as vezes, chego ao meu objetivo muito depois do que o normal: eu opto pelo caminho mais difícil, mas que irá facilitar minha vida quando encontrar-me contigo, oh futuro tão temido e tão adorado! Que o teu chamado seja a chave para a minha felicidade, felicidade esta que faço questão de lapidar, cuidar e moldar segundo minhas medidas.

Felicidade

 Felicidade é o que finalmente encontrei em teus braços. Tudo que eu vivi parecia explicar tudo que eu precisava saber, e de repente, nosso amor muda todos os meus conceitos. O desespero agora significa me afastar, por um momento, de sua presença. A inspiração que me seguiu por muito tempo nas pontas dos dedos agora se guarda nas pontas dos teus lábios. Minha vida se resume em pensar nos teus gostos e manias; É difícil dizer não aos teus desejos e a luz dos teus olhos, tão doces que parecem ter guardado a tua infância dentro deles. Cada sorriso teu parece ser o sinal de que, pela primeira vez na minha vida, tudo está correndo certo, e já não era sem tempo.
 Tento lembrar-me dos meus dias sem a tua presença e percebo que já não o consigo fazer, não por esquecimento, mas por que é doloroso tentar lembrar-me de uma época solitária, e as imagens mais nítidas da minha vida eu tenho ao seu lado. Confesso que não foi difícil entender o seu significado em minha vida, pois determinadas coisas surgem e se impõem sem que mesmo percebamos isso. Talvez seja o que chamam de destino, mas pensar nessas coisas não me interessa mais, pois tenho alguém que me ama por eu ser quem eu sou e isto já me basta.
  Não entendo o que eu fiz para merecer a tua atenção e o teu carinho, e me pergunto isso a todo o momento. Você diz que sou especial e eu digo que sou apenas um homem comum. Pode até ser que não, e talvez eu seja especial sim, mas devo isso a você, pois se algo faz com que eu me sinta especial, esse algo é a tua presença e a tua preocupação. Passei tanto tempo desiludido, pensando que ninguém poderia me fazer feliz e, de repente, você surgiu e decidiu revirar tudo em minha vida, mudar meus conceitos e me tornar um homem diferente do que eu era. Eu tento agradecer isso tudo por meio dos tantos "eu te amo" loucos que falo olhando dentro dos seus olhos, como se esperasse o brilho da satisfação surgir em tua retina, e por um momento, eu penso poder enxergá-lo.
Enfim, amar-te já é uma necessidade tão grande quanto alimentar-me ou matar minha sede. É a maior dependência e vicio que cultivo. Perambulo confuso em meio aos dias esperando finalmente te ver e poder abraçar-te por infinitos segundos, beijar-te pela eternidade de nossas vidas, sentir o teu cheiro inconfundível ficar entrelaçado em minhas roupas e a certeza do teu carinho estampada em minha testa.

Admiração


 Teus labios sagram
 Inundam meu coração sedento
 Nas tuas agonias me reivento
 E em teus lamentos me espanto

 Miro no chão dos teus sonhos
 Teu olhar em minhas mãos
 Teu corpo na desilusão
 E teu beijo feito em destroços

 Porém o silêncio
 Velho amigo das noites afora
 Ainda é como outrora
 Vislumbrante do meu tormento

 E quando teu corpo
 Solitário enlaça o infinito
 Eu perco o equilibrio
 E me faço de louco

MOrte Ao AnOiTeCeR (melancolia dos sonhos)

Morte, quem dera eu pudesse enxergar ao menos uma vez essa tua face, para que esse medo que na madrugada fria me corrompe pudesse encontrar seu fim. No entanto, me persegues por dentre as vielas da vida como se teu prazer fosse enxergar o desespero em meus olhos. Quando estou com os olhos abertos, tu modifica a realidade, e quando eu os fecho, tu se põe a desfigurar meus sonhos.
  Nada porém foi pior do que esta noite. Tu nunca estivesses mais perto de mim como nessa última noite. Sem nenhum esforço eu tive a sensação de sentir teu rosto rente ao meu, e empalideci. Busquei todas as forças que o infinito de minha vontade ainda guardava, em uma tentativa de conter-te e até quem sabe te vencer, mas não consegui fazê-lo. Tua ira parou o tempo, rompeu esses braços meus que te cotiam. Depois foi somente o silêncio, as lembranças que voavam pelos ares assim como aquele corpo que do, alto de meus sonhos, se entregou no teu aconchego. Ainda chorando derrotado por minha própria fraqueza, só pude ainda balbuciar um ADEUS.

Estranha Impressão

Eu tinha a estranha certeza de que aquela seria a última vez que iria vê-la.  O meu semblante se fazia irresoluto e, por dentro, a tristeza já deixava as cicatrizes. Mal podia eu acreditar que aquele corpo que jazia frio na minha frente estava a pouco tempo tão possuído de vida e tão embebecido de sonhos. No primeiro momento a minha voz cortou o silencio da cidade como se ela pudesse ainda escutar minha voz e retornar. Depois minha alma mergulhou na escuridão da noite e se perdeu na busca pelo conforto de seus braços. 
    As minhas lágrimas eram como o bálsamo a perfumar a minha face ainda tão jovem, porém tão sofrida. O brilho da lua repousava sob seu corpo em um ato furtivo, tal qual o primeiro toque de dois enamorados. Pensei de repente ouvir seu choro, mas era apenas o passado que se retornava com as lembranças recheadas de risos, beijos e palavras de carinho. De nada mais adiantava todas aquelas coisas, pois nos seus olhos agora cerrados findava-se tudo. Mal a perdi e já percebo que lembrança alguma poderá sustentar o meu coração, e sendo assim, é preferível o fim a ter conhecido a liberdade dos seus carinhos.
    Eu agora solitário, desiludido e golpeado pela vida peço em desespero que esse frio cortante que agora me toca venha a cortar também o meu corpo em dois, tal qual o destino fez com a minha alma, deixando uma parte dela sempre contigo, e a parte que ainda me pertencia foi tomada pelo desconsolo. Sem alma, sentido que meu coração está sempre vertendo em sangue e a sensação de que a imensidão de todas as coisas que me cercam repousa sobre minha cabeça, eu vou tentando viver. Quem dera tudo fosse sofrimento, no entanto, essa tua ausência é como uma nova morte a cada dia.

Carta de um sincero Amor

Meu amor, 

Escrevo-te movido por uma saudade voraz. O dia tornou-se escuridão, e agora eu aprendi a esperar pelas palavras que se escondem na noite. Confesso-te que por mais que eu relute, algo eleva meus pensamentos até as tuas memórias em meu peito. Talvez seja minha fantasia em seu pleno esplendor,ou talvez seja apenas o amor.
Relembro-me de tantas coisas que, de repente, todo o meu tempo passa diante de mim, e percebo que as minhas lembranças continuam grafadas com teu nome. Lembranças fortes, que permanecem em minha vida a qualquer preço, e que me sujeitam a todos os tipos de dores, conflitos e indiferenças. És ainda uma marca em meu ser,e sinto isso a partir do momento que meu olhar repousa sobre o teu, num ato desfalecido e inocente.
Sobrou-me apenas esse dia tão triste, em que minhas lágrimas e as lágrimas dos céus se confundem no embaçar do vidro da minha janela. Sobrou-me apenas esse aperto no coração ao ver tua silhueta cortar os caminhos e rumos que nunca levarão até a minha vida; Sobrou-me apenas dilacerar meu peito em poucas e sinceras linhas, pausadas entre um pranto e outro e escritas na imensidão dos meus dias.

Com carinho, Blackblade