quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Liquefeições" de sentimentos

Me embriaguei do que sobrou
Dos nossos sentimentos liquefeitos
Se desfazendo entre os meus dedos
Com medo de um talvez futuro que não chegou

Nós não esperávamos nos ver
No reflexo triste de uma lagrima de até
E agora seja o que Deus puder

Fazer por quem não sabe querer entender

O amor chegou não sei aonde...
Onde é que o amor se esconde mesmo?
O amor que eu senti suspenso no beijo
É o mesmo amor inteiro pra ontem?

Faz tempo que eu não vejo
O sereno da chuva cedendo pureza
Fervendo em suspiros contra  a correnteza
Sufocante do desejo

E a culpa é de quem? É pra alguém?
Se o tempo passa na parede alva
No revestimento celeste de minha alma
Eu entrego esse descontentamento pra quem?

Destilar! Desentoar o afeto escondido
O insubstituível grito de alarde silencioso
O insistente movimento ocioso
De repetir sem medo: amo-te
Os lábios entrecerrados
Revestido completamente o sentimento
Despido. 



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Feito Sobre medida


Eu precisei um dia descobrir o que eu era
Não tinha manual de instruções no bolso
Contando de onde vim, por onde havia uma porta aberta
Pra vagar um pouco mais longe desse desconforto
Tão existencial quanto comer pela manhã
Cantar pela tarde,
e a noite chorar com a mão no rosto

Eu tinha saudade não sei do que
Queria correr não sei pra onde,
E gritar teu nome tantas vezes no silêncio
De simplesmente não saber onde estavas,
Quem eras,
Quantas eras até saber que a resposta
Era uma simples proposta de ser por inteiro

E você me olhou de longe, de lado
O corpo tremeu diferente, e dessa vez era o acaso
Sussurrando no  meu ouvido: para de olhar pro umbigo!
Olhar ao redor , olha o que a vida tem de melhor pra te dar
E no teu olhar que refletia minha silhueta
Eu me enchi de toda a certeza do mundo pra dizer:
Sou um espelho, feito sobre medida pra você

E você me olhou, sorriu meio sem força
Chorou como quem se esforça
Não precisava mais ensaiar seus monólogos desfoques,
Seus distantes devaneios de fim de tarde
Era hora de um pouco mais de verdade na vida

Eu vi o destino abrir a cortina sem esperar
E lá estava você, de frente pra mim, tão simples
E eu espelho arranhado, faltando uns pedaços
Me achava o melhor de todos ao ver refletido em mim
A silhueta mais linda, as atitudes de amor escondidas
Me tocando o vidro dos olhos,
olhe! É você agora em mim.



Nem só de pão vive o homem, mas de amor e sonho

Eu e te olho de longe, debruçado
A varanda vibra um pouco nessa tua alegria presa
E no silêncio de um sorriso desinteressado
Brota o acaso nosso de cada dia

Aos poucos envelhecemos, no olhar
E deliramos em febres tenras de fim de tarde
Dormimos entre a relva, a neblina e a saudade
E acordamos molhados de orvalho e carinho

A insônia na madruga me tirou da cama
E te olhando, eu e ela, fizemos algumas rimas
Alguns versos rabiscados com as cinzas
Do incenso que queimou a semana inteira

Adormeci sozinho no canto do quarto
Na companhia muda de um copo de café requentado
Te olhando, te admirando, te amando
Enquanto o sono entrava e tirava de cena o cansaço

Adormeci e sonhei acordado,
O vento entrava e se deleitava nos poros que eu juro serem meus
Tal qual olhos fixos no teu céu
No céu lá fora da janela que te acorda devagar

O teu olhar enche a casa de novo de vida
Os raios de sol, junto com teu olhar, agora me tocam, me seguem
Vou abrindo as janelas, você me abre um sorriso
É um novo dia pra lembrar

Talvez amanhã, assim pela manhã
Ou pela tarde, perdidos na cidade a gente pense
Em como é bom ser do acaso, dos abraços
Ou talvez sem pensar, você deixe a vida gritar
Nossos motivos, entre escândalos e gestos
E procure paz junto comigo depois de caminhar domingo
No meio da chuva, no meio da rua,
Da felicidade de ser sozinha comigo,

Chamar o corpo um do outro de abrigo, amigo de longa data