Me embriaguei do que sobrou
Dos nossos sentimentos liquefeitos
Se desfazendo entre os meus dedos
Com medo de um talvez futuro que não chegou
Nós não esperávamos nos ver
No reflexo triste de uma lagrima de até
E agora seja o que Deus puder
Fazer por quem não sabe querer entender
O amor chegou não sei aonde...
Onde é que o amor se esconde mesmo?
O amor que eu senti suspenso no beijo
É o mesmo amor inteiro pra ontem?
Faz tempo que eu não vejo
O sereno da chuva cedendo pureza
Fervendo em suspiros contra a correnteza
Sufocante do desejo
E a culpa é de quem? É pra alguém?
Se o tempo passa na parede alva
No revestimento celeste de minha alma
Eu entrego esse descontentamento pra quem?
Destilar! Desentoar o afeto escondido
O insubstituível grito de alarde silencioso
O insistente movimento ocioso
De repetir sem medo: amo-te
Os lábios entrecerrados
Revestido completamente o sentimento
Despido.