Eu desejo um feliz natal, sem
saber se meu natal será feliz. Desejar dar algo que não se tem para outro
alguém, é como ver alguém com frio, lhe mandar que se cubra com um lençol, sem
tê-lo. Eu nem sei por que me sinto tão crítico quando o tempo é de alegria, de
descontração e fraternidade, mas sem um motivo para isso, tudo, a meu ver, se
torna vago demais, e eu não tenho muito tempo para perder com coisas demasiadas
vans. Não é também que eu não tenha sentido para o natal, afinal, não posso
negar os bons amigos que tenho, a família que sempre chega junto, o aniversário
do menino Deus que comemoramos, enfim, o problema não é de motivos.
O que corta a minha alegria,
minha nostalgia, é sempre a falsidade com que as pessoas lidam nessas datas
especiais. Mestres das caras, bocas e palavras espalhadas por todos os lugares,
e assim não vejo sentindo, por que quero felicidade e verdade plena, ao menos a
minha volta. Não adianta ser tão hipócrita a ponto de desejar feliz natal no
dia 24, e no dia seguinte, está novamente de cara fechada, de gestos contidos. O
que me incomoda, é a maioria das pessoas usarem o Natal como único dia de praticar
preceitos básicos de um ser humano comum. O mundo vira de cabeça para baixo no
natal, e o reflexo no espelho da verdade é algo distorcido demais para que eu
dê nome ou perceba formas.
Felizmente, para minha alegria,
existem ainda lugares onde natal não é um dia comercial. Existem pessoas que
realmente não são falsas em seus “felizes natais” da vida e de praxe. Felizmente
ainda existe quem presenteia as pessoas que ama quando pode, inclusive no
natal, mas não em um dia, dos 365 dias que temos no ano. Há quem diga sempre as
melhores palavras, ou as mais necessárias, porém, sinceras, e não somente no
dia 24 de Dezembro de cada ano que se passa. Há quem abrace, beije, felicite
sem motivo, e ai sim o natal recebe um sentido verdadeiro e concreto, por que o
sentimento só faz crescer mais. É por pessoas como essas, que eu de bom grado
me levanto no dia 24 de Dezembro e desejo um feliz natal. É pela fé que me
ensina a ter fé nos outros que eu me alegro com qualquer simples detalhe de
mudança para o bem. É por meus amigos verdadeiros, minha família, pelo amor da
minha vida (por que não?) que eu me coloco inteiro no mistério do Natal, tempo
de comemorar e aprender com o nascimento de um Deus que se fez homem, mas que
além de toda a mística, ensina a todos os homens, religiosos ou não, que é
preciso ter esperança no outro.
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