quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Loucura de uma bailarina efêmera


A luz se apagou dentro de mim
Fecho devagar as cortinas da imaginação
É fim do ato, gritos de bravo! Aplausos para mim
Que danço sobre o tablado do coração

A cada passo, o medo do erro
A tensão toma de conta do corpo inteiro
Em cada suspiro, abraço
Cada movimento se torna perfeito

Eu danço ao som de uma musica que ninguém ouve
Por isso me chamam vez por outra de louca,
E eu choro pelos medos que ninguém mais teve
E por isso a minha voz embarga e fica rouca

E cada salto é a vontade de voar pra longe
De voar, meu Deus, nem sei pra onde
E sigo descrente com os pés calejados
Cortes por todos os lados, pequenos atalhos

Tudo pra enfim encontrar o teu olhar no meu
Tudo para sentir tua vontade na minha
E girar sem ter medo de cair no esquecimento teu
E receber em aplausos tudo o que ainda tinhas

Mas já é fim do ato, se foi a magia
E já me tornei novamente efêmera,
Me tornei totalmente vazia
De poesia, da alegria de quem representa

Me torno humana completa
Vejo o amor descer as escadas
De mãos dadas com quem eu nem esperava
E de quem fiquei isenta, olhando a lua da sacada
Deixando seu brilho me tocar o ventre e as estranhas
Deixando o vento me arranhar e contar estórias estranhas
De um tempo realmente feliz 

domingo, 25 de novembro de 2012

Óptica Feminina


E, de vez enquanto, me da uma vontade tão louca de olhar para trás, imaginando coisas, lembrando pessoas. A vida me puxa para frente por que sabe que a estrada é longa, e até mesmo o coração grita louco no meu peito me pedindo que eu não olhe para trás. Mas eu fico tentando voltar ao passado, e às vezes, me sinto inútil como uma estátua de sal. Eu pinto o cabelo, ponho uma roupa qualquer e saio, sem hora pra voltar ou até mesmo sem precisar voltar, afinal, muitas coisas na minha vida não tem razão de ser. E para que ter sentido? Quando não tenho mais quem me mostre à direção, eu tento encontrar em mim essa e tantas outras respostas.
O rosto já marcado vai de encontro ao vento, o pranto de encontro ao rosto, e o sentimento se diluí em cada lágrima que o vento seca como orvalho na flor. Talvez seja por ter tanta poesia contida na minha história que tenho os gestos tão resumidos, tão contidos em mim mesmo. Talvez seja o medo de que tudo transborde e eu acabe embriagando alguém com a minha vida. Talvez esse brilho no olhar não seja mais pureza, mas sim o medo de ter que sair correndo de novo pra longe da vida de outra pessoa, e ficar olhando cada vez mais para o que eu deixei para trás.
Eu sei que o tempo passa, engana o coração e o pega de surpresa, e de repente, já estamos presos novamente nas grades da paixão. Eu sei que a carência muitas vezes poderá falar mais alto, e o carinho de alguém poderá mudar drasticamente minha vida. Eu sei que tudo isso é lindo, mas eu estou de saída, e mesmo olhando para trás, e caindo sempre que me descuido, eu estou preparado para provar, não sei quando, nem sei o quê, mas estou.  Estou pronta por que aprendi a chorar caminhando, sem parar. Aprendi a sorrir sem me distrair, e ainda a usar o seu brilho para iluminar as veredas da vida.
Confesso que tudo com um pouco de alegria fica mais fácil de suportar, mas Não é regra do jogo sentir, nem muito menos racionalizar os sentimentos. A maior regra da minha vida é seguir adiante, mesmo que às vezes um pouco misteriosa, mesmo que às vezes muito distante de tudo. É assim que me conheço, e é assim que me sinto tão mais perto de mim como nunca antes. Me viro as avessas, me perco nas minhas vontades e tenho a liberdade de ser em mim o que preciso. Alguns podem ter até aversão as complicações, mas em meu pequeno mundo particular, quando a vida complica é por que ela acredita muito mais em mim do que antes. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O olhar da Alma

O olhar da alma é livre
Não se prende a triste realidade humana
Supera os limites, contrai a distância
É uma força, no mínimo, estranha

O olhar da alma é puro
Não julga a mancha que há na luz
 E sabe que o sonho sempre conduz
A qualquer um , em qualquer direção

Quem dera eu fosse tocado pelo olhar alma
Talvez eu vivesse eternamente
Talvez eu nunca estive para sempre ausente
Talvez eu soubesse de onde vem a calma

No olhar da alma experimentamos a sinceridade
Experimentamos uma realidade tão mais nítida
Águas tão mais límpidas diante de nós mesmos
Que fica realmente difícil saber se nós sentimos medo
Ou se só sentimos a vida de verdade
Escorrer por entre os nossos dedos


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Viver mentindo e continuar morrendo

A mentira é como uma guerra, afinal, não há como envolver ninguém sem também se envolver. É uma pré- disposição a auto- ilusão; É ver o abismo e mesmo assim querer se jogar; É o homicídio de nossas próprias ideias.

Não sei qual o tamanho da perna da mentira e nem sei qual o tamanho da ferida que ela deixa em cada um. Eu, limitado que sou, só pude algumas vezes seguir o seu rastro tão inconstante e encontrar os sorrisos que ficaram a beira do caminho.É preferível a solidão do que a mentira, por que na solidão nós somos livres pra tentar, e na mentira, presos demais para viver qualquer realidade.

Fingimos que não sabemos mais amar, por que amar é difícil, e sem amar o outro nós já não nos amamos mais. Fingimos não saber mais rir por que para sorrir é preciso força, e sem sorrir com o outro nós já não temos força pra nada. Ser únicos só nos torna dependentes, e ser dependente do outro só nos torna mais forte, mais vivos. Na mentira, porém,  nós morremos: nós nos esquecemos de não nos esquecer. 

paterno amore



 E lá está ele num vai e vem nauseante. 
No semblante um brilho de quem espera milagres

Não se vê saudade, somente uma não contida esperança
Que brota não sei de onde, 
que insiste não sei por que
E há quem julgue que, no fim das contas nada vai além da pura normalidade
Mas existe quem saiba um pouco mais da vida
Existe Quem entenda que por trás de cada gota de suor,
Por baixo de cada nervosismo,
Por dentro de cada olhar desesperado para o relógio,
Existe a alegria de quem finalmente vê
Bem a sua frente
Seu sonho posto em realidade.

"Nada melhor que um filho para renovar as esperanças". 

domingo, 18 de novembro de 2012

Prato Cheio


Chega de mesquinharias sentimentais!
Ei de te servir um prato bem cheio
Vou retirar um pouco do recheio de receio
E por no lugar uma boa fatia de paz

Para acompanhar, temos tudo do bom e do melhor
temos amor com a vontade de se estar junto
um prato fundo com toda a alegria do mundo

Temos mundos diferentes, e vontades iguais
Com pitadas de um sonho que não se desfaz
Porções desmedidas de sinceridade
Deixam tudo com um gosto maior de realidade

Ponhamos um pouco de beleza,
Que ela também é importante,
Misturada com pensamentos positivos
E memorias intensamente marcantes

Matemos nossa sede com beijos
Refresquemo-nos na vontade
Na Tão insistente saudade
Nesse desejo tão eminente

sábado, 10 de novembro de 2012

Absolutamente Nada

        Não sei se sou eu ou se é o mundo, mas algo em mim gira como um carrossel bicolor e eu acho isso tudo muito bonito, mas é repetitivo demais. É como voltar muitas vezes ao passado, e eu admito que é bom ir até lá de vez enquanto, mas ficar por lá pra sempre já não é a mesma coisa. Acho que com o passar do tempo, as coisas a minha volta estão mais profundas, tanto que é impossível agora escutar uma musica sem pensar quantas pessoas a ouviram e quantas vidas tomaram diferentes rumos com uma mesma letra. É impossível ler a um livro e não imaginar que, ao ler os sentimentos presos de um mero escritor, estou lendo e ficando intimo da vida de tantas pessoas que veem suas vidas refletidas no espelho de cada página. Confesso que esse sentimento pluralista é muito bonito e mágico, mas vez por outra gosto de me sentir individual, singular e, por ironia do destino, ser único e singular é ser como todo mundo. As lembranças, o sangue pulsando quente nas veias e artérias: tudo que me separa me une com tantas pessoas, e umas eu nem ao menos conheço. É assim que somos eternos, vivendo uns nos outros sem escolha, e quem morre também tem que ser humilde o suficiente para  perceber que agora tem que viver no outro.
         Talvez mais triste que lembrar a morte, é ver o carrossel da vida ir perdendo as cores, a função, e essa é a grande jogada da vida, saiba disso. Quando não é mais tempo de se fazer por conta própria, é hora de abrir espaço para outra jovem alma, para outro jovem pintar o carrossel das cores que quiser, afinal, não podemos fazer nada mais do que isso. Contudo, será sempre nosso. Saberemos para sempre que por baixo de quantas camadas de tinta e madeira houverem, sempre vai haver algo do que um dia foi nosso. Sinta-se infinito antes que seja tarde, e você não possa mais abrigar em você o outro. Se coloque no lugar de alguém,  faça algo comum e gozem planamente da eternidade que eu e tantos outros gozamos. Você é infinito, só que ainda não percebeu.