sábado, 31 de março de 2012

Pensamento Noturno

Uma névoa inebriante me inunda as estranhas do pensamento: de certo é a vida e esses problemas repetidos como cartas marcadas. Meu amanhã agora me parece melhor para ser apreciado por minhas vontades, já que o ontem me é as vezes doloroso. A vida é sempre assim, esse amontoado de escolhas, de dualidades e enfermidades dos sentimentos, ao menos no meu mundo, onde cada segundo tem o peso de uma vida inteira.

As vezes paro de uma hora para outra e fico olhando as coisas, percebendo em cada detalhe um resgate as pequenas formas de minha antiga vida. Tal estado indica dependência, e não minto: existem ainda rastilhos desse meu passado recente, tanto que vez por outra meus pensamentos e devaneios se tornam memoriais. Sim, as vezes eu choro e até mesmo grito na agonia dos raciocínios e das desconfianças. Meus ideais e valores são o que me sufocam um pouco mais, até que, estrangulado na vontade de sumir, eu calo e mergulho no silêncio do meu quarto.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Melancolia Noturna


    Forjado no fogo da vida, agora tão insípida, tenho de encontrar-me todos os dias com o pior dos meus desafios: Eu mesmo. É só acordar e, em um ato despercebido, fixo de repente meu olhar no reflexo do espelho do banheiro e lá está: a moldura abstrata do sobrevivente, sem cores, sem passado ou futuro.

    As ruas antes tão amigas das noites boêmias agora abrigam seres de pele, ossos e necessidades. Assim eu consigo enxergar a coisa miserável que é a vida dos que se sujeitam as loucuras de um mundo passageiro, fechando os olhos da alma e abrindo o corpo para as mazelas da rotina cotidiana. Talvez sejam só lembranças, devaneios deste que parece está chegando ao seu fim carregado por suas próprias escolhas, porém, loucura ou não, tudo isso é doloroso demais para mim.

    O frio desta noite é tão intenso que, de uma hora para outra, minhas mãos começam a tremer, e eu tenho de refugiá-las dentro do meu casaco. A pele negra agora parece querer empalalidecer. As luzes da cidade aos poucos se extiguem no meu campo de visão, e até mesmo os adultos que buscam diversão na noite já se aquietaram, sobrando somente eu e o silêncio.

Silêncio amigo, a quanto tempo posso somente rogar a tí? Quando se deu a ultima vez em que pude sentir a fé correndo em minhas veias? Como sempre tu agora somente me escuta, nada responde, e com os olhos atritados contra o tempo vou me entregando também ao sono: quem dera fosse este eterno.  

Tuas dores-Minhas dores


        Posso sentir as tuas dores de onde estou. Posso escutar o soluçar da tua voz, descompassada entre uma lagrima e outra que escorre dos seus olhos. Eu posso sentir nos teus olhos as dores de um passado marcado pela indiferença. Tu já me és assim: um livro aberto diante de meu escarnecido coração. Adoro perder-me nas minhas conspirações, nos meus questionamentos, mas mesmo assim, nada por mais grandioso que eu possa imaginar parece caber a ti. E por sedes assim, mistério em formas femininas, é que eu me dano nas encruzilhadas frias dos pensamentos noturnos, tentando de alguma maneira torna-te uma forma concreta em minha vida, porém, o que ainda sei de ti é que me amas, e assim só preciso do tempo e do silêncio ao meu lado para me fazer eterno em tua presença e assim alcançar a perfeição com as mãos da minha alma que simplesmente finda por se entregar sem medida.

        Ver-te entregue a tristeza me faz simplesmente louco, por muitas vezes não poder curar as tuas angustias. Eu esqueço meus problemas, minhas obrigações, simplesmente para poder enxergar o teu rosto preenchido de um sincero sorriso, não aquele que às vezes esteve estampado em tua face somente para esconder uma tristeza, um desespero sufocado dentro do peito. Causar-te dor é simplesmente o fim dos meus dias, pois quando sei que sofres choro, mas quando sofres por minha causa, sinto as mais lancinantes dores que peito de poeta nenhum sentiu. 

        Escrevo todas essas coisas por estar em estado vegetativo, esperando as horas passarem para enfim encontrar-te e dizer-te todas essas coisas que muitas vezes ficam presas nas palavras e nos versos decorados. Sinto-me às vezes covarde, mas que culpa pode um dia ser minha, se o medo da decepção e do desencanto é mais forte que muitas coisas em minha vida? Mas das poucas certezas que tenho na vida, a de ser sincero quanto tudo que sinto é a mais pura, e quem nunca morreu de amores, que nunca viveu um amor tão forte quanto este que vivo intensamente, não pode falar nada, pois os direitos de julgar o que agora escrevo esta nas mãos de quem alguma vez já deixou tudo na vida de lado, para tentar alguma vez na vida se entregar de verdade a um sentimento tão nobre, tão especial, quanto pode ser o amor.  

Rosa de Sangue


Rosa msitica de sangue
meu peito errante te deseja
deseja essa tua pureza
que verte de ti a todo instante

Teu acúleo das incertezas
caminha na fraqueza dos meus sonhos
e os meus olhos tão tristonhos
só conseguem mirar tua beleza

Me faz bem tua beleza fúnebre
me infunde a inspiração
no fundo da alma e do coração
este tão sepulcral perfume

o teu brilho opáco na noite
é açoite pra todo sonhar
é como se dentro de mim pudesse despertar
as paixões tão infidáveis e doces.

Tu és meu simbolo exato da desilusão
a qual eu me entrego em qualquer de repente
vives a brotar na minha mente
no meu corpo, na IMENSIDÃO.

Tua presença


Meus olhos se perdem na escuridão
o silencio resguarda em segredo
a fé e os sonhos
que de tão quietos parecem inexistentes.
fogem de mim as palavras
de resto, sobra-me intenções,tentativas.
porém,nada se é em vão
e o peso, destas e de muitas coisas
se torna o mesmo.
as diferenças entre essas coisas
de pouco a pouco se tornam nulas;
a sua presença em minha vida
torna-se constante

                                                         

16/02/2011
 23h25min

Oração dos sábios


Deus, por tudo que existe de sagrado
fazei-me ferramenta da busca da sabedoria.
fazei com que meus olhos não busquem mirar o engano se possivel for.
fazei com que a humildade também reine nesse coraão sedento,
pois o sabio auto-suficiente já é o seu proprio frajelo.
guia este teu servo no mais sincero aprendizado,
fazendo os meus ouvido se abrirem para o mundo,
minha mente para os homens,
e o meu coração para ti.

Cada verso


Faço agora de cada verso uma lagrima
Por que sei que meu peito sangra
Sei que vivo a adejar em lembranças
Sei que meu desejo tomou asas

Faço agora de cada verso um espelho
Sensação do agráfico em minhas veias
Sobre os meus olhos a sombra do desespero
Nas pontas de meus dedos, a incerteza.

Faço de cada verso um grito seco
Um trinar da alma desperadamente confusa
Um apelo,um pedido de ajuda
Uma entrega de corpo inteiro

quarta-feira, 28 de março de 2012

Pensamento Vago e Noturno

"Eu ando fazendo sala pro tempo, e de propósito. Eu quero mesmo é resgatar algumas coisas do meu passado, que eu deixei a algum tempo de lado. Quando se vive assim como eu, ao sabor do vento, o tempo não importa: passado, presente e futuro são um só, uma só parte da minha mesma alma desinibida". 

Um Brasil sem mestres

Dois mestres em poucos dias se foram, e eu fico aqui me perguntando sobre a justiça da vida, que eu começo a achar que nem existe. Tanta gente faz as piores coisas possíveis e, quem se encontra primeiro com a morte são dois gênios, que se dedicaram tanto a fazer as pessoas sorrirem que a suas vidas inteiras são um reflexo desse esforço, que eu chamo de sobre humano. Vão para a eternidade com estes dois mestres, uma parte da verdadeira alma brasileira, que está se diluindo diante de nossos olhos, e nós, na qualidade de contra- testemunhos, nos entregamos ao conformismo, a comodidade de ver as coisas acontecerem e não termos nenhuma parte com coisa alguma.

Hoje em dia no Brasil você ainda sofre preconceito, você ainda é privado dos seus direitos e, mesmo assim, algumas bocas se abrem para falar: O Brasil anda muito bem, obrigado. Não é questão de acreditar, é questão de perceber, de ser sensível a nossa realidade. É uma questão de não se calar nem omitir quando todos a sua volta te acham estranho pelas suas idéias. O Brasil hoje caminha de costas, ainda, e os grandes mestres estão se indo, em grandes levas: vai chegar o tempo da escassez de diretriz, e o Brasil vai somente mais um órfão, de identidade.  

terça-feira, 27 de março de 2012

Pensamento noturno

        Ando pensativo demais. Na verdade, na ausência de algumas coisas e pessoas em minha vida, retornei a ser o mesmo ser voltado para si mesmo, preso no seu altar de pensamentos e lembranças. "É preciso continuar", sussurra a voz sibilante dentro de minha mente, mas nem somente de precisões vive o homem, ou ao menos é assim que sempre pensei. "É preciso pensar no futuro", grita outra voz dentro de mim mesmo, mas, por enquanto, eu ando preferindo o passado, a parte de mim que já morreu. "Continua e segue a diante", incita a voz, mas eu quero a pura e inteira inercia de meu viver. A voz nunca vai entender que, as vezes, queremos retornar, dar um passo para traz e fingir sermos felizes, mesmo que temporariamente. a sua função é esta mesmo, de nos empurrar rumo ao futuro, mas nem toda funcionalidade do homem lhe é vantagem. 


sexta-feira, 23 de março de 2012

Linhas Sinceras (Para Anny Caroliny)


"A beleza ideal está na simplicidade calma e serena"
Johann Goethe

    Se existe uma história a qual essa frase se aplica totalmente, é a história que venho construindo com Anny Caroliny. Certas pessoas entram em nossas vidas, sem que estejamos preparados, e se sobrepõem de uma forma que só sentimentos nobres como amor e amizade podem justificar, e este caso não será o primeiro e nem o ultimo.

    Amizades virtuais: quantas existem? milhares? porém, quantas se concretizam? quantas realmente conseguem transpor a tela e se materializar em verdadeiros sentimentos, em abraços e cumplicidade? quase nenhuma. mas nós começamos assim, nos conhecemos melhor assim e, quando nos encontramos pela primeira vez no IFRN-zs, tudo parecia magico: nós parecíamos amigos de longa data, e a vida tem dessas coisas mesmo, de te encher de razão e depois te mostrar que você não sabe é de nada sobre ela mesmo, e nem vai saber. Naquela hora em que pude, finalmente, abraça-lá pela primeira vez, poucas coisas no mundo eram mais importantes e, mesmo estando ainda um pouco triste com acontecimentos recentes, não me senti no direito de lhe tirar o sorriso tão sincero do rosto com minhas mágoas, que em 5 min ao seu lado, eu pude esquecer: tudo em torno de Anny suplica pelo sentir, nada de pensar, ao menos no momento, e confesso que ando aprendendo um pouco disto também. de ser mais espontâneo, de ser de corpo e alma.

    Na verdade, não minto, sou do tipo cabeça dura e não mudo minha postura para agradar ninguém, mas, estou reaprendendo novos conceitos da vida com essa nova, inusitada e sincera amizade. Acreditar no amor não é somente o que importa, acredite, e junto com ela eu vou deixando um pouco o poeta de lado e vou deixando aflorar em mim o homem pensante. Na verdade o poeta ainda persiste, mas agora é um poeta sem dor, sem mágoa visível: um novo rosto para esconder uma velha alma.

    Por fim, me faltam palavras, mas nada que me assuste, pois sei que as vezes o homem quer ser ousado demais tentando descrever o indescritível, o agráfico. Agradecer? pode ser, mas sou melhor nas palavras escritas do que ditas, não por outro motivo senão por que a vergonha me cora o rosto e me prende a língua.  Mas de fato, necessitava de uma experiência tão forte e tão particular assim para me fazer acordar para a vida novamente. A partir de agora, vou continuar tentando manter no rosto o sorriso que se sustenta no teu rosto tão facilmente, tentar manter a mesma pureza que eu sinto quando estou perto de você, e assim quem sabe posso ser alguém melhor, e não um outro alguém como por um tempo fui...
obrigado por existir Anny Caroliny.

Felipe Ramos
23/03/2012
09:40

quinta-feira, 22 de março de 2012

Olhos de esmeralda

    Vagava ele perdido pela noite. Nas cores da roupa, um retrato da alma, e na face, o sorriso estrangulado pelo tempo. Era somente ele naquela hora qualquer da madruga, somente ele e o silêncio, somente ele e o tormento dos pensamentos atemporais. Folhas de jornais iam se sobrepondo na calçada úmida, ao sabor do vento frio e ríspido, enquanto sem motivo algum seu corpo girava no meio da rua enquanto seu olhar buscava faminto restos de vida desejante, porém, nem um pé de alma lhe surgiu na vista, o que tornou seu olhar fúnebre e deixou sua alma em ponto de ebulição.

    No canto da rua, perto de uma fonte, um banco vazio em cores mórbidas lhe tirou a atenção e lhe encantou passo por passo, até que quando deu por si, já estava ali, sentado com papel e caneta na mão, dica de sua terapeuta: "ao final de cada dia, escreva em um pequeno pedaço de papel tudo que lhe aconteceu, assim, você vai poder tirar, de cada dia, um novo aprendizado, com base nos seus erros e acertos". Ele não acreditava em nada daquilo, mas, havia resolvido tentar aquela experiência, na intenção de finalmente, mostrar a sua terapeuta que aquilo não iria adiantar.

    Ele então começou a árdua tarefa de escrever sobre si mesmo, cheio de confiança, mas logo que a caneta repousou sobre o papel, a folha continuou em branco e a surpresa lhe veio na face: não sabia falar de si mesmo. Ele mesmo, depois de tanto tempo não sabia mais quem era. Olhou para os lados, e vendo sua face refletida na poça de água perto da fonte, perguntou-lhe quem ele era, mas o maldito reflexo só lhe imitava os movimentos, simetricamente. Era horrível aquela sensação de nada, e já ia proferir palavras de maldizeres a si próprio, quando um soluçar inocente lhe irrompeu de seu complexo de ira e o trouxe mais próximo da realidade. O timbre era doce, de certo voz de mulher, mas de onde vinha? 

    Respirou profundamente e olhou um ser que estava disposta sobre o chão da praça: os olhos eram envolvidos num infinito azul, como que duas esmeraldas presas em sua face. De resto, tudo era contra testemunho daquela beleza, posto que suas roupas eram trapos e sua pele estava deveras machucada pelo tempo. Ele foi ao seu encontro, lhe repousou a mão sobre a face, e lhe admirou no silêncio, silêncio esse que foi quebrado por sua pergunta: quem é você?-disse ele- não me reconhecesses?- ela lhe questionou- não relembra-te de mim em nada? sei que faz tempo que não nos vemos, mas, pensei que lembrarias. Pois não te recordo em nada - disse o homem,- dize-me, quem és? 

Naquele instante, a moça pálida e desfalecida olhou-lhe nos olhos e disse: eu sou a tua alma, alma esta que tu deixastes de lado a muito tempo, na procura incansável pelas coisas que te acalentavam o corpo e só me denegriam e agrediam-me. Assusta-te a minha aparência? pois deverias ver a ti mesmo: oco como um pedaço de pau, sem essência, sem significado concreto. Por isso agora te perguntas: quem sou eu? pois nestas horas, seria eu prestativa quem te daria todas as respostas, e sendo comigo um só, não reconhecesses mais a ti mesmo por que não sabes quem eu sou. Você escolheu tudo no mundo, e em troca, deixou que dentro de si mesmo habitasse o nada, uma atitude corajosa e idiota. Vagarás para sempre como uma folha em branco...

    Despertou do sono profundo. Ele ainda estava ali, sentado em sua cadeira ao lado da janela de seu quarto, como quem houvesse se entregado ao sono por um bom tempo. verificou o conteúdo das mãos, e encontrou o mesmo pedaço de papel e a caneta: de certo foi um pesadelo- confirmava para si mesmo, julgando que isso era necessário, até mesmo para manutenção de sua saúde mental. Olhou em volta e nada daquela louca que dizia ser sua alma. a luz do corredor se acendeu e, quando a porta se abriu, a imagem da filha lhe foi confortadora : ela era a sua essência, sua alma; ela era linda, os olhos eram envolvidos num infinito azul, como que duas esmeraldas presas em sua face...

terça-feira, 20 de março de 2012

---------------| Depois do Fim |---------------


1° Estrofe

Eu tinha quase tudo
e agora no meu mundo
tão pequeno
eu fico relendo as coisas
que eu escrevia pra você

2° Estrofe

As horas que não passavam
as bocas que se encontravam
no segredo
guardado por mãos e dedos
relutantes no carinho

Pré- Refrão

sempre fui muito preso aos detalhes
mas agora são eles
que me fazem ficar acordado até tarde
remoendo lembranças
de um tempo em que tudo
era te fazer feliz

Refrão

Até um tempo atrás 
acordar não era desvantagem
mas como ter alguma coragem 
pra continuar depois do fim

Seria mentir para si mesmo
acreditar que a vida vai seguir 
se ao invés de me fazer sorrir
ela me faz escrever mais uma 
canção de fim

Melodia & Harmonia : Felipe Ramos
Feita em minha casa
ao meio dia do dia  20/03/2012
Felipe Ramos

quinta-feira, 15 de março de 2012

O amor é...

O amor 
é este temor que me toma o corpo
quando me vejo diante do mesmo par de olhos
no esforço de cada palavra que sai da boca
temerosa, esperançosa;
O amor,
é a face humilde de cada alma
que na madrugada se contorce
em meio aos sonhos e devaneios
o pulsar do coração abaixo do peito

O amor
é o estremecer da aura 
é renegar a vida e desejar mais uma hora
mesmo que seja para depois morrer
nos braços aconchegantes do pranto segredado
por baixo dos lençóis 
O amor
é um trago de veneno
que nos traga por dentro
na cadência secreta
no encontro discreto
de lábios e línguas
vidas e rimas
de finais repetidos

sábado, 10 de março de 2012

Êxtase de um Santo Poeta


      Lá fora, despenca um temporal tão forte, que inunda até meus pensamentos. como sempre, me pego novamente perdido na escuridão de alguns pensamentos, me encontro no meio desse leva e tráz que meu passado e meu futuro ficam protagonizando, sem nem perceberem que já estou esquecendo da sensação de estar com os pés no chão. não vejo graça alguma em perder o pouco tempo que tenho, com coisas empíricas e desformes ainda, na realidade.
      Sem amor, gloria ou simplesmente sanidade, interpreto uma jornada de fatos cotidianos de forma excêntrica em busca de tornar tudo novo, novamente. O medo do desconhecido atordoa a pele, a alma e o fígado sem forças, forçando a aceitação de uma etapa não tão premeditada, onde tudo se resume ao vazio interno de cada ser fragmentado e a abundancia de fragmentos agregados noutros seres.
repletos de devoção, androlatria e amor.
      A minha rotina virou um rodizio de palavras, das mais variadas formas e intensidades, de solidão a odio, tudo misturado num opio que meu coração transpira. há dias em que os momentos parecem querer me dizer mais do que as palavras, de forma concreta ou distocida: isso pouco me importa; me vale mais este esforço, este jejum de amores, este despir-se da cumplicidade das coisas.
por que somos todos levados a procurar os pazeres da vida, incansavelmente. 
      E ainda restam-me as cicatrizes de um passado não tão distante, e olhando-as, lamento o tormento de tudo ter sido real, e agradeço simultaneamente. Abro minhas feridas atuais, dádivas d’um presente maleável, e as exploro, afago-as, sedenta pela façanha da descoberta, pensando nela até me machucar e em frangalhos, me desfaço num antegozo de nostalgia, onde a única coisa que me vale a pena lembrar é
do agora;

De: Felipe Ramos e Ana Iara

sexta-feira, 9 de março de 2012

Nós somos os outros

    É preciso enxergar no outro a felicidade, para que nunca possamos perder totalmente o real sentido da vida. Amor recíproco e o desapego próprio são gestos raros e que, por causa da indiferença suplantada na sociedade, estão a perder o sentido e o seus grandes valores, pouco a pouco. Olhar para dentro de si é preciso, mas uma busca mais difícil e muito mais digna é multiplicar os gestos e apreços, para que cada rosto que o circunde em seu cotidiano possa também sere espelho, aonde nos depararmos com cada um de nós, na forma das gratidões e das mudanças realmente transformadoras.
    Em momentos de enorme solidão, como este em que me encontro, o que ainda sustenta meus sorrisos quase sem forças são as amizades, a família, a oportunidade continua e infinita de mudar o mundo, pelo ou menos o meu mundo, a minha realidade. Na verdade, nós perdemos muito desse nosso pouco tempo de vida tentando mudar o mundo dos outros, e assim, a realidade do mundo nunca caminha para algo mais perto do perfeito,situação até humilhante por que, veja bem, de que adianta saber voar ou tirar a vida do outro se você não sabe nem concertar os seus erros, seu mundo?.
    Antes que alguém pense besteira, eu não estou falando que quem tem um milhão de amigos é a pessoa mais feliz do mundo, pois a realidade está bem longe disso. Na verdade, o que eu quero que as pessoas ao meu redor entendam é que, nesta vida tão passageira, as experiências e sensações falam mais que muitas palavras  pensamentos. Quantidade e qualidade são duas coisas completamente diferentes e você, seja quem for, tem de concordar que estou certo, ao menos em relação a isso.
    Bem, ao menos hoje, termino minhas humildes, mas vívidas palavras, sem nenhum dor presa ao peito. Sempre me foi conviniente escrever sobre a solidão, sobre o amor, emfim, das coisas complicadas da vida, mas me revigorou escrever algumas linhas sobre parte de minha doutrina de vida, minha diretriz. O bom mesmo é pensar que, estas minhas palavras irão como restilho desse fogo cruzado das minhas vivências, em direção a sentimentos alheios, e assim lhes levará a certeza de que ninguém pode estar sozinho, nem em idéias e nem em coisa alguma. Nós mesmos somos um amontoado de coisas, um monte de nada com um bocado de tudo. Emfim, somos humanos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Não "POSSO" ser o que fui antes

    Hoje, novamente preso em sentimentos revoltos, recorro as boas e velhas palavras que levaram meu coração tantas vezes as lembranças do passado e aos sonhos do futuro. No entanto, em tudo sou obrigado a tentar ver as coisas de um ângulo diferente, buscando salvar a minha própria alma de sensações tão tempestuosas, como a da perda e a do vazio. É preciso deixar o instinto de lado e agora somente subir, degrau a degrau, rumo aos  objetivos, a tanto tempo guardados e empoeirados na estante do meu ser, das coisas destinadas a mim. De tanto tempo vivendo na cumplicidade de outro coração, desconheço alguns deles, mas, tudo é uma questão de tempo e vontade. Nos últimos dias tenho me iludido um pouco, não por gostar de mentiras, mas por que o esquecimento de algumas coisas, realmente precisam passar pela ilusão.
    As pessoas que me cercam já notam uma forte mudança em mim, e como tudo nessa vida, as opiniões estão emergidas num dualismo de aceitação e rejeição, mas por isso, todo mundo um dia passa, tenho certeza que isso não é regalia minha. As pessoas mudam, e por mais que isso pareça agora tão lógico, por muito tempo não foi, por que o amor é também um tipo de inocência, confiança cega que por pouco não cabe entre os homens. O amor é essa esperança, é essa fé profunda numa mudança, mas uma grande verdade é que quase ninguém está disposto a mudar.
    Não sei agora, se mudo para melhor ou para pior, se para alguém socialmente privilegiado ou profundamente solitário, mas mudo por que a permanência desse eu maculado pela dor, pelo desamor, pela frustração, não me faz nenhum bem senão aos meus versos, que já são muito tristes, e que agora, perdem a essência da licença poética e ganham, em contraposição, uma pitada bem forte de realidade. Ausência e presença, começo e fim, é tudo muito relativo mas, estas coisas, em todos os sentidos, me fazem sofrem aos poucos, e para aumentar meu desespero, tenho que improvisar, vez por outra, um sorriso bem largo e convincente.
    Por fim, declaro que mudo, e que vou continuar mudando, para que as lembranças sejam meros pacotes de sentimentos e sonhos, rotulados por datas. Não quero dizer, por assim pensar, que serei ríspido e rude em meus gestos, e nem que não me darei o luxo de viver um sentimento de vez em quando, mas nada de sonhar acordado, de construir em minha cabeça prelúdios do futuro, um dia por vez vou abrir meus olhos pela manhã e fechá-los a noite, deixando a vida social, por enquanto, no modo automático.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Metamorfose

Minhas ideias andam me desconcertando. De fato, os sentimentos agora se tornam cada vez mais abstratos, em força e em nitidez. Os dias vão passando e o cotidiano vai preenchendo o meu tempo: a pena é que isso não é por completo. Vez por outra, sou interpelado por uma voz amiga, mas é tudo. De fato, tenho preferência pelo silêncio e suas singulares experiências. De onde estou, me sinto tão perto de tudo que sinto a ausência do vazio. Estranho não é? Pode até ser, mas durante os últimos dias tenho vivido instintamente, de forma que a razão não reclama seu espaço faz muito tempo. Mania de solidão? poderia até ser, mas sou pregador da ideia de que tudo na vida é um presente, ao qual você pode aceitar, agradecer e se dispor a negar: a vontade é um direito inerente do ser, um predicativo do desejo imergido em cada um de nós.Não sou puro desejo, mas pura e afável vontade apenas de existir.