quarta-feira, 29 de maio de 2013

A fonte dos teus olhos

Quantos como em mim, os sonhos
Não querem enfim se enxergarem reais
Sobre o cuidado sereno dos teus olhos negros, dois cristais
Soerguidos na tua face, que resguarda os teus ares risonhos

Os mesmos olhos que já vi de tão perto, dentro da alma
Mirando-me tão intensamente que o desejo lhe embaçava a vista
E me lia as vontades no peito a ferro escritas
Como feridas de um tempo sem calma

Sereno pairo o meu olhar no teu
Num movimento louco quero ver tudo que é meu
Refletido dentro da retina tua 

E na minha pele tua, arrepiadas
Nossos olhos se fechem e eu possa ver donde deságua

As palavras doces e inebriadas
Que leio no teu corpo inteiro,
Mãos, bocas e seios
Olhar de duas negras esmeraldas, brilhando envolvidas
De chuva.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

As ondas intrépidas de minhas horas

E meu olhar naufrago se cala
o vento sopra, passa e vai longe
a ancora de minhas pernas me prende
e não mais que de repente, 
eu, tão displicente, parada olho
as jangadas na praia, aos naos desalmadas

Quantos perigos meu coração sofre
preso ao teu coração corsário e poeta?
já não sei a hora e nem a direção correta
mas deixo-te sempre as portas dos braços aberta
para que um dia, que sabe no talvez, eu embarque contigo, sem demora
e me perca contigo por entre as ondas intrépidas de minhas horas

Enquanto não retornas ao porto
eu na espera me esqueço longe da realidade
e quando tento me desvencilhar das lembranças
a saudade novamente me encanta, me canta e seduz
e cheios de lagrimas e sinceridades, feito crianças
meus olhos esperam de braços dados com a esperança
a truz dos teus passos, 
teu jeito desvairado de justificar minhas lembranças

Danço no crepúsculo calmo o ritmo das marés
e no fundo eu ainda sei quem és, quem não és,e o que ainda sereis
por que ontem fomos dois, hoje sem ti também somos
e quando chegardes para fazer do meu sonho realidade
verás que na verdade
já somos três. 

E se um dia cansada, vir que não voltas
deixarei minhas lagrimas diluírem nas águas
que rodopiam na terra e tocam tua proa
e evaporadas na chuva, tocarão tuas roupas
assim ei de sempre cuidar de ti, mesmo de longe
me embriagando na angustia, curando a saudade
olhando o mesmo horizonte toda tarde
por que mesmo em silêncio, meu coração grita
minha razão o consola, mas é sempre a mesma frase repetida:
é certa a hora da chegada, tal qual foi a da partida. 



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Escuro foi feito pra Pensar

No escuro eu vejo as coisas que eu faço questão de não lembrar
vestindo a vida pelo avesso
eu deixo o medo perto do peito
e deve ser por isso que meus olhos
vivem mais fechados que abertos
é o medo do talvez, concreto
de ver que não estou do lado certo

No escuro eu me sinto seguro
ninguém me vê, ninguém me julga
certo e errado são ilusões que todos valorizam
mas parecem tão menos reais quando fecho os olhos
a duvida consome os pensamentos
reivindicando para si todos, gulosamente
deixando um rastro de lembranças entorpecentes


No escuro os meus olhos brilham, acesos
pensando nos detalhes, nos "poréns" da vida
por que noite, escuro e banho foram feitos para os pensamentos
e o vidro embaçado pela chuva, na verdade
é quadro negro pra rabiscar e por em dias os sonhos e os desejos

No escuro o relógio "TIC-taqueia" sem parar
e o dia começa novamente a contar suas horas
enquanto me reviro de um lado pro outro da vida
passamos um pouco de ontem, e temos pouco de hoje
o relógio grita compassado na cozinha
a mente não aguenta e num ultimo tiro de misericórdia, se desliga
e estão é o escuro novamente
são os olhos fechados novamente:
Fim do ato.

Texto feito em parceria com o amigo Dantas Júnior