segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sobre o destino das palavras e do poeta

Cada palavra entre nós
viaja agora no infinito do ar
e há de encontrar outro infinito particular,
e há de desfazer os nós,
os eus,
a quinta parte de nada que cabe de mim

E cada palavra eternizada, cada risada e sorriso falso
vai ecoar além das nossas existências
vai ressoar nas incontingências da vida
Vai resvalar nas feridas, nas perdas,
nas avenidas e nas tristezas
nas promessas e nas aparências.

Restará por fim o silêncio da despedida,
a alegria contida na ausência dos sons,
a lágrima que cala,
que põe sentinelas nos nossos lábios

Restará por fim a noite,
um pouco da dor do mundo,
uma indiferença pelo profundo
e uma alegria rasa
de quem faz poesia pra submergir
na poça d'agua da existência

Que um dia vai evaporar
no calor do vento da morte
e como peixes fora do aquário
vamos nos debater e transitar para o infinito
de onde as nossas palavras vieram
e aonde vamos novamente encontrá-las

O vento que trás a poesia ainda há de levar o poeta