Lá fora, despenca um temporal tão forte, que inunda até meus pensamentos. como sempre, me pego novamente perdido na escuridão de alguns pensamentos, me encontro no meio desse leva e tráz que meu passado e meu futuro ficam protagonizando, sem nem perceberem que já estou esquecendo da sensação de estar com os pés no chão. não vejo graça alguma em perder o pouco tempo que tenho, com coisas empíricas e desformes ainda, na realidade.
Sem amor, gloria ou simplesmente sanidade, interpreto uma jornada de fatos cotidianos de forma excêntrica em busca de tornar tudo novo, novamente. O medo do desconhecido atordoa a pele, a alma e o fígado sem forças, forçando a aceitação de uma etapa não tão premeditada, onde tudo se resume ao vazio interno de cada ser fragmentado e a abundancia de fragmentos agregados noutros seres.
repletos de devoção, androlatria e amor.
A minha rotina virou um rodizio de palavras, das mais variadas formas e intensidades, de solidão a odio, tudo misturado num opio que meu coração transpira. há dias em que os momentos parecem querer me dizer mais do que as palavras, de forma concreta ou distocida: isso pouco me importa; me vale mais este esforço, este jejum de amores, este despir-se da cumplicidade das coisas.
por que somos todos levados a procurar os pazeres da vida, incansavelmente.
E ainda restam-me as cicatrizes de um passado não tão distante, e olhando-as, lamento o tormento de tudo ter sido real, e agradeço simultaneamente. Abro minhas feridas atuais, dádivas d’um presente maleável, e as exploro, afago-as, sedenta pela façanha da descoberta, pensando nela até me machucar e em frangalhos, me desfaço num antegozo de nostalgia, onde a única coisa que me vale a pena lembrar é
do agora;
De: Felipe Ramos e Ana Iara
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