A única saudade que não
tenho é a saudade de ter saudade, pois essa em mim, por motivo de força maior
que minhas vontades, é uma constante em meu cotidiano. Tenho saudade da minha infância,
tenho saudade dos amigos, tenho saudades do amor, tenho saudade de tempos e de
lugares. Em mim, há uma constante ausência, pareço nunca está satisfeito, e
tenho por mim que satisfação é um sentimento muito perigoso para algumas
pessoas. Há quem busque na satisfação a falsa ilusão de estar tudo bem, de ter
alcançado tudo que se quis, e isso é falho e desgastante, por que é mentir para
si mesmo.
Se me é viável, e se isso não fere vontades e esperanças
alheias, eu posso sim não me sentir totalmente saciado, totalmente satisfeito;
eu posso sim querer mais de mim, de você, de nós. Eu posso sim querer que a
coisa mude pra melhor, seja lá onde seja isso, mas eu posso e quero. Eu quero e
posso provar das coisas boas da vida, mesmo que eu não saiba que gosto tem esse
negócio de bondade, e nem preciso saber: certas coisas se completam em si
mesmas.
Cada vez que eu penso que estou cheio, estou
completamente vazio, no entanto, o contrário também é válido, e quando estou me
sentindo vazio é que me encho mais de esperança, de sonhos, e os sonhos de tão
leves que são nos levam para longe do nosso antigo eu, o de parte dele que
decidimos deixar para trás: a vida é isso, encontros e despedidas, até mesmo
entre nós mesmos.
Eu já fiquei pra trás, eu estou aqui e já estou lá, longe
até mesmo para o tempo enxergar, e mesmo assim ainda é pouco tempo pra ser tudo
que eu quero, mas, ei de me deixar para trás e me lançar no futuro muitas vezes
para multiplicar minhas chances de mudanças, e não me deixar ficar estagnado vendo
a barba crescer, sentir minha voz engrossar, minha coluna doer e os remédios se
tornarem frequentes tanto quanto os médicos. Eu estou nesta folha de papel, eu
estou nestas palavras sinceras: eu estou em mim e nele estou eu.
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