sexta-feira, 17 de agosto de 2012

À Deus

 
     E de repente, o velho episódio de despedida triste e clássica surge na minha frente como uma realidade irrefutável. Tarde demais para tentar o amanhã. Pela primeira vez eu vejo o meu tempo passar na minha frente, e eu não posso fazer nada, não cabe mais a mim, se é que um dia coube. Foram muitos planos, muitos sonhos, muitas tentativas de evitar este desfecho, mas como sempre, nada saiu como o combinado, como as confissões de amor e de vida depois de um amanhã, uma vida pra sempre. Eu quero dizer que sou forte, mas não posso mentir pra mim mais uma vez, ao menos hoje.
    E depois? o que vem a seguir neste enredo do qual nunca ouvi falar? que brincadeira de mal gosto é esta? queria que as cortinas se abrissem eu percebesse que foi tudo uma brincadeira, que existe uma chance para a vida. Eu penso a todo momento, eu escrevo atras de alento, eu toco e canto a minha dor, e dor no peito, mas agora, só o vazio de tudo que sinto me sobra. Sinto falta de algo além deste vazio, além deste frio de agosto que me arrepia a pele, que anuncia a chuva que vem vindo. Choramos sincronizados: eu e o céu.
    Quantas letras de músicas que escrevi este tempo todo, só agora, fazem sentido, só agora estão fortemente ligadas a minha história de vida. Me lembro de algumas frases agora: "É tão difícil viver todo dia sem alguém pra chamar de seu"; "Tudo ao seu tempo. primeiro eu me entendo pra depois te encontrar"; "Teu nome faz soar as notas da canção que eu componho"; "Eu sou capaz até de dar meu sangue, pra viver ao teu lado cada instante desse nosso amor, feito pra durar"; "Infelizmente não existe nada que possa ocupar o vazio que você deixou, pois nada toma o seu lugar."
    Eu confesso que não me sinto a vontade nem um pouco, e eu acho que todo mundo já notou. O que eu não consigo ser com certa frequência é muito expressivo, chorar na tua frente, implorar por alento e um dia a mais ao teu lado. Ando me revirando do avesso diversas vezes, tentando me encontrando, mas me lembrei ao final de tanto esforço, que a muito me perdi entre os teus olhos, teus braços, teus gestos, e decidi nunca mais me encontrar.
    Bem, estando eu visivelmente fora de mim, perdido, preciso me resguardar nas lembranças novamente, viver a vida de memórias novamente. Lembro da frase memorável do velho cartola: devias vir para ver os meus olhos tristonhos, e quem sabe sonhar os meus sonhos por fim. E tudo realmente é triste, tudo realmente é despedida, e eu volto a ser quem era antes de te encontrar. Eu volto a ser melancólico, volto a ser calado, volto a me menosprezar, volto a ser tudo o que mudaste. Minhas mãos trêmulas exitaram escrever estas linhas. Este fim não é triste nem alegre. Este fim é para sempre, enquanto o nosso para sempre durar. Dói escrever tais coisas, mas nada se compara ao que senti a teu lado. Adeus. À Deus.

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