quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Tudo Relicarizado

Ceda,
pois nunca é tarde,
é sempre noite
e a noite é uma criança que brinca
até escutar a voz
o acalanto materno em cada sílaba
convidando para estarem juntos
nos abraços argamassados do lar
A casa não caiu
e não tem nada para ser descoberto
Tudo permanece obsoleto
abundantemente relicarizado
naquelas cenas cotidianas
o café, a TV, o jogo de futebol
o sorriso, o beijo, a despedida na porta
Saudades do meu pai poeta
Saudades de minha mãe boêmia
Saudades de ter saudades do que não conheço ainda
Saudade de perder a rima
e depois reencontra-la sem por que de existir
vontade de implodir minha alma em 1001 pedaços
e depois remonta-la, parte a parte
aprender aonde fica o encaixe
entre sonho e realidade
tudo na mais abstrata concreticidade
como uma cidade que tarda, mais tarde anoitece
mas não para de parecer
com a aparência de viver sonhando acordado

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