domingo, 24 de agosto de 2014

Entre os lençóis incandescentes

Chove lá fora
e eu me aqueço no calor da língua tua, quente,
enquanto as nossas palavras de carinho evaporam 
e embaçam os vitrais dos teus olhos. 

Pudesse eu te chamar pelo que sinto 
quando meu corpo toca o teu,
te chamaria mistério, 

Mas como admirador 
da tua voz e das tuas formas, 
só cabe a mim chamar-te minha. 

E os segredos meus
nas trevas minhas entranhados
Ei de os revelar no relento do teu dorso
e no repouso dos teus ouvidos

Quantos desejos cabem dentro de ti?
talvez a noite saiba, mas silencia
por que do silêncio ao infinito é quase uma vida
e uma vida é curta demais pra nós dois

E o fogo que levamos dentro de nós
nos lençóis incandescentes desacreditados
são testemunhas mortas de nosso vivo descaso
com o mundo e com as regras pueris

Só o tempo indecente que rege nossos gestos
pode eternizar as nossas alucinações
suspendê-las no ar
e trazê-las de volta num toque, num gesto
num olhar 

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